segunda-feira, 22 de março de 2010

Voltando à prancheta...

No inicio do ano eu estava lado-a-lado com a maioria da torcida juventudista: não adiantava recriminar o trabalho do Osmar Loss, considerando a precariedade do material humano e o pouco tempo de trabalho que lhe eram oferecidos.

Mas ultimamente tenho mudado de opinião. Ele tem tido praticamente uma semana de trabalho entre uma partida e outra e, mesmo assim, o time entra em campo totalmente perdido. Conforme temos destacado por aqui (tanto eu, quanto o Fabio Berti ou o Viccari), há um clarão no meio de campo alviverde: os laterais e os volantes se posicionam sempre muito atrás e o nosso articulador muito a frente.

Eu nem vou questionar a utilização ou não de 3 zagueiros. O fato é que, feita esta escolha, o time tem que se posicionar ocupando a maior parte do campo possível. Se o esquema é chamado 3-5-2, é porque os laterais passam a ocupar o meio-campo, e não mais a defesa. Dois exemplos de como isso não tem acontecido no Juventude:

1) Partida contra o Esportivo, lance do gol do Tiririca: o lateral Bruno (indicado pela seta), é quem está fazendo a cobertura da zaga.



2) Partida contra o Novo Hamburgo, gol do Papa: o lateral Luis Felipe é quem dá condição para o centroavante adversário dominar às costas da zaga.



Notem que nos 2 lances Bruno e Luis Felipe estão posicionados como laterais, e não como alas. Se temos 3 zagueiros, qual o porquê disso? Além disso, notem na imagem contra o Esportivo a quantidade de jogadores de branco aparecendo nesse diminuto espaço. Tanto os alas quanto os volantes estão juntos aos zagueiros. O Juventude põe em prática um esquema que só se usa no Brasil em casos de retranca extrema: um 5-3-2.

Para ilustrar como é o real posicionamento de equipes jogando no 3-5-2, uso como exemplo dois times que utilizam hoje este esquema no Brasil:

1) O Inter de Fossati. Esta imagem abaixo foi obtida no blog Preleção. Créditos ao blogueiro Eduardo Cecconi, que a digitalizou das cabines de imprensa do Beira-Rio. Notem como os volantes e alas atuam praticamente em linha. Além disso, o posicionamento adiantado do time em geral.



2) O Botafogo de Joel Santana. Destaco 2 lances do clássico de ontem contra o Flamengo. Notem que os alas não estão posicionados nem próximos aos zagueiros, mal aparecendo na tela. Caso o time adversário ataque com 3 atacantes, um dos volantes recua. Desta forma, mantém-se a sobra de marcação e as laterais servem como "válvula de escape".





Para finalizar, vamos falar de quando o time atua com apenas 2 zagueiros. Luis Felipe sobe pelo lado direito e Calisto fica posicionado em linha com a zaga, ou vice-versa. Se Tiago Renz se oferece, por algum milagre, para o jogo, Gustavo se posiciona à frente dos zagueiros, ou vice-versa. São medidas defensivas exageradas! Se o time sai de trás com maior facilidade, isso obriga também o time adversário a voltar e a defesa é por consequencia menos exigida.

Vou ilustrar isso com duas imagens do jogo de ontem do Corinthians contra o Grêmio Prudente (ex-Barueri).

1) Notem nesta imagem como os 2 laterais estão posicionados alguns metros à frente dos zagueiros. Como o atacante está indo em direção ao lado esquerdo da zaga, Roberto Carlos já vai recuando para manter a sobra. Caso o atacante abrisse para direita, Moacir faria o mesmo.



2) Agora um caso em que o Prudente atacou com mais jogadores. Formou-se a tão famosa linha de 4 na defesa. Mas notem como apenas um volante aparece na tela: ele recuará caso necessário, mas ainda há espaço entre defesa e meio, ocupando a maior fatia de campo possível.



Mano Menezes, Fossati, Joel Santana... será que eles ou o Osmar Loss é que tem razão?

12 comentários:

Viccari disse...

Eu ainda não tinha me tocado quanto ao posicionamento dos volantes, achava que o buraco no meio era culpa dos laterais e dos pseudo-meias, exclusivamente. Vou prestar mais atencao a isso de agora em diante. Ganhemos do Porto Alegre, porque ir pra Santa Cruz disputar com o desesperado Avenida e/ou depender de vitória contra a tríplice aliança (trinca gre-nal-fgf) na última rodada vai ser pra matar o gaudério.

Anônimo disse...

Post sensacional.. Sobre o rebaixamento, lembro que há 3 anos flertávamos com a zona do reebaixamento para a série B do brasileiro. resultado: caímos!!. Ano passado, flertamos com a zona do rebaixamento para a série C. resultado: caímos!!.. Agora, estamos há 3 ou 4 pontinhos acima da zona da morte....resultado: só Deus sabe!! Oremos irmãos, oremos!!

Abimael disse...

concordo com o Bob, o rebaixamento é algo possível sim. Afinal, nunca sabemos onde está o fundo do poço ...

muito interessante a análise levada a efeito pelo blogueiro de forma objetiva e, principalmente, demonstrada com exemplos ilustrativos. Espero que o Sr. Osmar Loss acesse este blog!

Unknown disse...

Pablo, com certeza o Loss, por mais fraco que seja, está tentando simplesmente guarnecer nossa fraquíssima defesa com o máximo de jogadores. Ou seja, é o antigo ferrolho, da época do Galego, Marco Eugênio, Daltro Menezes,...
O problema é que, ao chamarmos os adversários para cima de nós, não temos nem um passe qualificado nem um atacante veloz e inteligente para puxar o contra-ataque. E com a defesa horrível, qualquer meiazinho de merda infiltra a bola entre os nossos marcadores. Aí ferrou.

Guilherme Molin disse...

Não sei se o Loss lê o blog, mas se a direção ler o Pablo comandará a equipe na série C! hehe

Caminhada do juve disse...

Só pudia ser o filho do Chines .... ótimo post, excelente visão, coisa que o nosso técnico Osmar Loss(lost)não ve, ou não tem capacidade.

Tiago Dal Zotto disse...

Mais uma bela postagem do nosso amigo Chinezinho. Frente a tantos argumentos e ilustrações, fica difícil discordar. Mesmo que eu quisesse, não teria o conhecimento futebolístico (nem de Paint Brush) para tanto.

Conquanto os argumentos sejam praticamente irrefutáveis, não creio que seja o momento de trocar o treinador, visto que faltam apenas três jogos para o fim do returno. Mas podemos repensar a permanência do Loss para o Brasileiro. Eu apoio Pablo Cavalcanti.

Anônimo disse...

O Thiago quis dizer que, embora os argumentos sejam irrefutáveis, ele os refuta.. hehehe

Rudimar Schreiber Jr. disse...

Nos classificaremos em terceiro, e pegaremos o cai-cai no cemita.
Vingaremos o ano passado e cairemos na semi.
O resto é planejamento pra C, de onde sairemos e os cerúleo-grenás e rubro-negros da segundona nunca sairão...
Dá-lhe Papo!
Mesmo podres, melhor que eles...

Unknown disse...

Acho que tem um "praticamente" antes de irrefutáveis...
Agora não é hora de trocar de técnico. Mas uma reavaliação de toda a comissão técnica e do grupo de atletas deverá ser feita tão logo termine o gauchão, nos resta confiar, apoiar e fiscalizar a direção nesse momento.

Tiago Dal Zotto disse...

O Bob não deixa de estar certo. Está certo e errado simultaneamente.

Grande Robertho!

Anônimo disse...

Philosophando: "O sofrimento une e corrompe"