quinta-feira, 1 de abril de 2010

Meu Jogo Inesquecível - Juventude 2 x 1 Grêmio - Gauchão 2003

Recebi a primeira colaboração para a coluna Meu Jogo Inesquecível, já no embalo do confronto de domingo.
Vamos ao relato do companheiro Viccari:

Boa tarde, Papada.

Escrevo, aqui, o relato do meu jogo inesquecível contra nosso próximo
adversário. Trata-se de Juventude 2x1 Grêmio, no Alfredo Jaconi, em 22
de fevereiro de 2003, pelo Gauchão daquele ano.

Vínhamos de um retrospecto amplamente desfavorável contra o clube de
Porto Alegre. Onde quer que se falasse do jogo, era tido como jogado e
como uma "barbada". O goleiro do outro time de Porto Alegre nos
insultava e usava, de forma pejorativa, o termo filial, a fim de
expressar sua mágoa pelos massacres oriundos do salto alto com que nos
enfrentavam, sempre.

A arbitragem foi conduzida por Leonardo Gaciba, sob os olhares de
11.540 torcedores.

O Juventude entrou em campo com Thiago; Mineiro, Renato, Filipe Alvim
e Michel; Evandro (Wellington), Dionattan (Rafael), Fernando e Marcelo
Costa; Hugo e Geufer (Wederson).

O jogo foi conturbado desde o início, com o time porto-alegrense muito
nervoso em campo, um domínio visível do Juventude nas ações e muita
disputa no meio-campo. Ao redor dos 30 minutos do primeiro tempo, o
clube tricolor perdeu um de seus principais jogadores, Tinga, por
colocar a mão na bola pela segunda vez no jogo, de forma proposital.
Resultado: segundo amarelo, vermelho e agressão ao árbitro por parte
dos azuis. Mais um vermelho para Claudiomiro (se não me engano).

Aí começou uma grande confusão. Todo o time porto-alegrense foi para
cima do árbitro para tentar ganhar no grito, como sempre se tenta
fazer aqui em Porto Alegre. Nessa confusão, torcedores instalados nos
camarotes do Alfredo Jaconi arremessaram uma garrafa d'água em direção
ao bolo de jogadores, atingindo em cheio um gremista. Pronto. Era o
que faltava para dirigentes azuis invadirem o campo e recolherem todos
os seus jogadores, levando-os ao vestiário. Mais tarde, durante a
semana, se descobriu que o objeto fora arremessado por um torcedor
gremista.

Depois de cerca de 20 minutos, eis que o adversário volta ao gramado
do Jaconi, com dois jogadores a menos, para cumprirem com sua
obrigação: serem homens e jogarem a partida até o fim.

Com dois jogadores a mais, a proposta Juventudista foi clara: pressão
total, e jogo em meio campo. Depois de algumas boas chances, a bola
sobrou, na direita, para o lateral Mineiro, que emendou o foguete. O
goleirinho ainda tocou nela, mas não adiantou, Juventude 1x0 e festa
da PAPADA. Seguindo o jogo, Rodrigo Fabri acertou violentamente o
jogador Dionattan com um carrinho, e Gaciba deu vantagem. Na
sequência, Hugo, do Juventude, chutou o gremista (porém com muito
menos violência e agressividade do que o lance anterior), e foi
expulso. Para o gremista, se não me engano, apenas amarelo. E assim
acabou o primeiro tempo, Juventude 1x0 e 10 contra 9 em campo.

No recomeço do jogo, perto dos 15 minutos, o Grêmio, em uma das únicas
vezes que passou do meio-campo, achou uma falta na intermediária. O
lateral cobrou com perfeição e empatou o jogo. Logo em seguida, a
Justiça tardou mas não falhou: Rodrigo Fabri fez outra falta violenta
e desta vez foi expulso.

O time porto-alegrense, com 8 em campo, ficou todo dentro de sua área,
e limitou-se a fazer cera e pressão na arbitragem. A Papada,
enlouquecida, empurrava o time para cima do adversário, ansiando por
uma vitória que calaria a boca de todo o Estado.

No fim do jogo, ainda 1x1 e muita cera rolando, Rafael, o mesmo que
fez dois gols contra o nosso co-irmão azul+grená na histórica goleada
de 5x3 no mesmo ano, ao tentar chegar em uma bola cruzada na área,
atingiu de forma não intencional o rosto do folclórico goleiro
adversário, para delírio dos presentes. E a partida continuava
encardida, só com um dos times buscando o jogo.

Eis que, aos 47 minutos do segundo tempo, o lateral-direito Mineiro (o
mesmo que anotara o primeiro gol) recebe uma enfiada de bola precisa
na ponta-direita e desfere um míssil com endereço certo: o ângulo do
adversário. O Juventude desempatava o jogo e dava início a uma grande
festa da Papada.

Naquele dia, vi (e participei) de tudo: gente ajoelhada, todos se
abraçando, gente chorando, buzinaço, carreata. Enfim, um jogo
inesquecível.

Leonardo Viccari



Colaboração do blogueiro: o vídeo dos melhores momentos da partida, que achei no Youtube.

11 comentários:

Unknown disse...

Viccari, abriste a série com chave de ouro. Tínhamos qualidade, é claro. Mas naquela época parecia haver algo mais: gana e vontade de vencer! Espero recuperá-las logo.

Pablo Cavalcanti disse...

Eu nessa época, infelizmente, morava em Rio Grande. Pela distância, não pude me fazer presente a dezena de jogos.

Para piorar, em fevereiro de 2003 estava no final do ano letivo (o ano de 2002 se estendeu até março pela greve de 2001).

Lembro que muito comemorei em frente a minha "super" TV de 14". Pena que a época era de provas e não consegui nem tirar o sarro suficiente dos colegas azuis.

De qualquer forma, foi uma bela lembrança!

Abimael disse...

estava no litoral, acompanhei pela televisão ... grande jogo! À noite, nos botecos de Rainha do Mar, saí com a camisa alviverde falando aos 4 cantos: "Mineirooooooooooo"
boas épocas...

Igor disse...

Esse jogo foi um espetáculo. Estava, como sempre, grudado no alambrado bem abaixo do camarote de onde veio a garrafa. Uma cena não me sai da cabeça, da "buneca" do goleiro do time de Porto Alegre ao final do jogo. Ele fez tanta cera, mas tanta cera que dava nojo. Ao final, com o gol e o término do jogo, o goleirinho se sentou no chão olhando para o nada! Quanta alegria. Espero que jogos assim voltem a acontecer, pois do jeito que as coisas estão hoje, só na memória mesmo. Vamo que vamo Juventude!

Rudi disse...

Eu estava no estádio nesse jogo, na arquibancada "do amendoin" (pra variar), quase abaixo do camarote onde o gremistinha de 14 anos que jogou a garrafa de charrua sem gás estava. Lembro da raiva que senti quando os azuis tiraram o time de campo. E me lembro que, por causa daquela garrafa (e daquele gremistinha) perdemos o mando de campo justamente contra o Inter, no jogo que valia a liderança do grupo, na última rodada. Daquele momento em diante, só queria que eles tivessem mesmo um "centenada", que foi o que ocorreu...
Vitória domingo, pra aliviar nosso sofrimento e baixar a soberba deles de novo. É o que espero...

nandobassa disse...

Chupa gaymistada! Domingo tem mais!

Corneteiro Mor (O mais isento de todos) disse...

HAHAHAHAHA... Lembram bem que essa foi a última vitória de vocês pelo gauchão... Desde lá só chinelada tricolor... Chora papada, aluguem o campo para o frigorífico do Ginhazú pois assim não precisam gastar dinheiro com o jardineiro e podem juntar alguma coisa para tentar montar um timeco para a série c... Dá-lhe tricolor...

Viccari disse...

Que eu lembre, em 2008, demos uma chineladinha aqui em Porto Alegre, mas é verdade, este corneteiro certamente não estava lá :) Ano vai, ano vem, e vai ser só o Gauchão pra duplinha milionária, de novo.

Gabriel disse...

Corneteiro mor = membro da colygay.
Se não lembra a surra que levou da papada no Olimpico em 2008, deve ser um guri cagado (de fraldas) que deve ter começado a vida futebolística neste ano ou em 2009.
dale papo. Abimael

Corneteiro Mor (O mais isento de todos) disse...

Desculpem-me magoadinhos... Esqueci de dizer que em 2003 foi a última vitória de vocês em casa (detalhe muito importante)... A de 2008 foi feia mesmo (eu estava lá) mas como sempre não deu em nada... Foram para a final e tomaram 8 dos coloridos da beira do rio... tá loko hein

Viccari disse...

Ainda bem que de 2003 pra cá demos uma porção de chineladas no Olímpico (4x1, 4x2, 3x2...), senão ficaria feio para a Papada mesmo. Mas o que mais me agrada é a dupla milionária se prestar a vir nos cornetear, exprimindo toda sua mágoa, sendo que, mesmo com todos os investimentos, a regra deles é clara todo ano: no máximo o Gauchão. Salvo algumas honrosas exceções. É pouco, não?