segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Testemunha de além-mar

Não há palavras para descrever o que se sentiu no Alfredo Jaconi ontem. Sobre quem sentiu de longe, o Mateus Frizzo tentará colocar em palavras.

Foi foda. Já é o segundo ano que estou longe. Ano passado acompanhei pela rádio aquela eliminação inacreditável em Cianorte. Lembro que comprei umas cervejinhas, vesti a camiseta, fiquei a postos só pra comemorar a classificação. Era só administrar, eu pensei. E fizemos a façanha de tomar três. Fiquei puto, prometi que ia dar um tempo, largar o futebol de mão pelo menos até a D do ano seguinte (se é que essa constaria no nosso calendário). Mas não deu, o Juventude é parte integrante de quem sou. Dia seguinte eu tava conferindo as notícias, procurando por qualquer informação adicional. Não deu, não tem como. Se eu fosse, sabe-se lá por que raios, proibido de torcer por esse time, ou obrigado a destacá-lo de meu cotidiano, muito do que sou se perderia. E é tarde demais para escolher um outro, as inicias ECJ já estão inseridas no meu DNA. Poderia, como meu ilustre parente, me declarar rossonero ou nerazzuri :P Poderia. Mas não dá. A copinha eu pude acompanhar pelas transmissões da TV Com. Papamos. Uma nesga de esperança surgiu num grupo que aparecia forte para disputa do Gauchão. Mas todos sabemos como acabou, e como (quase) sempre acaba. Bom, o plano era a Série D, e desse ano não passa. Daí a gurizada da base foi negociada com o Grêmio. Achei que não daria tempo de ser feita a manutenção do grupo. Acho que todo mundo compreende esse pessimismo que acompanha o torcedor. Nosso recente histórico nos maltrata.   

Fonte: Facebook dos Loucos da Papada

Quase dois anos longe e muita saudade. Saudade da família, dos amigos, mas uma saudade em especial, a do Jaconi. Ontem até lancei o apelo no grupo Jaconeros para que quem pudesse, compartilhasse uma foto, um vídeo, um comentário, qualquer coisa. Me dói estar longe, sabendo que meus gritos não farão coro, serão só meus, como o de um prisioneiro alucinado clamando justiça. Um anônimo a mais, numa terra distante, encerrado em casa, vestindo uma camiseta alviverde desconhecida e sorvendo um cervejinha gelada. Daqui de longe vejo como os pequenos rituais me fazem falta. Passei o final de semana pensando nesse jogo e em como eu gostaria de estar lá. 

O gol do Rafael Pereira saiu quando eu tava no banheiro dando uma mijada. Quando ouvi o grito de GOL eu corri até a sala e colei nas caixas de som, carcando o volume lá no alto pra que os vizinhos ouvissem. Nem as gotas de mijo escorrendo pela perna impediram a comemoração. Dos males da samba-canção. 1x0. Fiquei tranquilo, embora o resultado fosse perigoso, mas o dois a zero também seria. Que situação. E os guampa vão lá e me empatam. E de novo eu tava no banheiro! Dessa vez sacudi bem e me sentei, desapontado, mais uma vez desiludido. Mais um ano a mesma história, era só o que eu pensava. Mais um ano. Eu ouvia a torcida gritando "EU ACREDITO", e eu também acreditava, ou melhor, queria acreditar. Mas o tempo foi passando, e voava!, e quando vi chegou aos 40 minutos e a torcida ainda gritava "EU ACREDITO", mas tenho certeza, que como eu, muita gente já não acreditava mais. Eu pensava: é capaz de fazerem o segundo ainda, pra nos dar mais uma falsa esperança. Comemorei o primeiro gol do Zulu com um punho cerrado e só, e colei na rádio, as caixinhas de som vagabundas estourando. E cara, CARA! nem sei direito o que aconteceu, vou ver agora. O alvoroço da torcida e a narração emocionante da Caxias e bate rebate na área, a bola sobra pro negão e é GOL! GOL, CARALHO! GOOOOLLL! ZULU DE NOVO! Derrubei a lata no carpete, soquei a mesa de vidro, tirei a camiseta, saí porta afora e gritei para que toda Dublin ouvisse "É O JUVENTUDE, CARALHO! VAMO LÁ PORRA!".

Foi muita emoção o jogo de ontem, rapaziada. Eu daria UM centímetro de pau pra ter estado lá. E UM, em se tratando de pau, tá de bom tamanho, já que eu não tô esbanjando.

Ainda não conquistamos a vaga. Ainda temos duas peleias brabas pra encarar. Ainda vamos sofrer, se mijar, se escabelar, se babar, mas sairemos vencedores. A série C tá logo ali. Estamos próximos do nosso renascimento. E quando voltarmos podem ter certeza que estaremos mais fortes. Estaremos curtidos. Temerão aquele que foi ao inferno e voltou. E o inferno é verde, a nossa torcida mostrou isso ontem. Eu, que tantas vezes critiquei a torcida do Juventude, parabenizo todos os papos que estavam presentes ontem. Foi de arrepiar. Foi fundamental.

Hoje, segunda-feira, acho que não há quem não acredite mais.

Saudações esmeraldinas da Ilha Esmeralda, meu amigos. Prego a palavra PAPO por aqui, podem ficar tranquilos. Domingo que vem tem mais.

Abraços e boa sorte a nós, PAPOS!   

Mateus Frizzo

6 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHA um centimetro de pau foi boa,e isso o JUVE e um vicio q não tem cura,quem estava no jogo dos 100 anos e viu o q aquela galera fez a meia noite num campo encharcado e chovendo,isso demostra q o clube esta muito vivo,graças a nós q amamos e sofremos,esse ano será diferente,eis q surgirá o E.C.JUVENTUDE!

Anônimo disse...

Huhahuahuahu, mt bom!!!!

Rudimar Schreiber Jr. disse...

Foi demais!
Emocionante!
Inacreditável, sofrido, chorado.
Mas veio a classificação pras quartas.
Eu cantava "Eu Acredito", mas confesso que era da boca pra fora.
Quando a bola sobrou no pé do Zulu dentro da área no lance do 3° gol, parecia que o mundo tinha parado de girar por um segundo na hora do chute do Z9. E ela entrou mansa nas redes.
Só de lembrar me arrepio todo.
Não cheguei a chorar, mas enchi os olhos de lágrimas, e gritei e tremi por 5 minutos, desde o gol até o apito final.
Foi inesquecível.
Pra coroar esse sacrifício, falta só o acesso.
2 jogos.
1 objetivo.
7 anos de sofrimento.

Simone Vergani Spadari disse...

Baita texto! Lendo o que tu escreveu, parece que sinto de novo o que senti domingo (exceto os detalhes masculinos kkk). Não sei se meu coração aguentaria se eu estivesse longe do estádio. Só quem é Juventudista vive essa emoção!
Como o Rudimar Schreiber Jr. falou, "Não cheguei a chorar, mas enchi os olhos de lágrimas, e gritei e tremi por 5 minutos, desde o gol até o apito final.". Está provado, a mão tremendo e a minha voz por 6'48" no vídeo (https://www.facebook.com/photo.php?v=514153081993253&set=vb.100001956984073&type=2&theater). Acho que este foi o sentimento de todos que estavam lá. Não teria como ser diferente, afinal de contas, É JUVENTUDE!
Rumo à C galera, afinal, EU ACREDITO!

verdão eô disse...

Muito bom. Vamos reativar este blog PAPADA ? Muita fé na classificação, mas não vai ser fácil. Apoio do inicio até o juiz apitar o final. Pressão total pra cima deles !!!

Verdão da Jaconera disse...

PAPADA, domingo é dia de mobilização total, de apoio incondicional aos nossos atletas, desde a chegada ao Jaconi até o apito final do juiz. Não vamos desistir nunca , vamos acreditar sempre. Pressão total sobre os jogadores do Metropolitano, com vaias e xingamentos, pressão nos bandeirinhas das sociais e das gerais, bafo na nuca deles. Vamos fazer nossa parte que sabemos fazer sempre tão bem. É jogo para perder a voz !! É jogo para assistir colado ao alambrado incentivando os nossos e detonando os adversários. Volto a repetir, pressão total e também nos bandeiras. Vamo que eles tão cagado !!!!!!!!!!! Espalhe a loucura e cólera alviverde desde hoje. Tudo pelo JUVENTUDE !!!
Avante guerreiros jaconeros !!!